Importação divide indústria e produtores de café

Pedro Guimarães, presidente da Abics.

José Roberto Gomes, Cristian Favaro / O Estado de S.Paulo

A quebra da safra de café conilon no Espírito Santo, principal produtor no País dessa variedade de café, reforçou antiga divergência entre cafeicultores e indústria sobre a necessidade de importação do produto. A variedade é usada para compor, junto com o tipo arábica, o blend (mistura) em cafés torrados e moídos e, principalmente, na bebida solúvel, no qual a participação do conilon chega a 80%.

A oferta mais enxuta neste ano, contudo, elevou os preços do robusta em cerca de 30% no mercado interno e, por esse motivo, as torrefadoras passaram a defender a compra externa para calibrar a disponibilidade e evitar prejuízos à indústria ou repasses expressivos de preços aos consumidores.

O Brasil é o maior produtor de café do mundo e cafeicultores rejeitam a ideia de importação do produto verde, ou café não processado, alegando risco fitossanitário.

Paradigmas. “Precisamos quebrar paradigmas em relação à importação de café”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Ricardo Silveira, durante encontro das indústrias do setor, que termina hoje, no município baiano de Una. Ele salientou que eventuais compras externas se dariam em pequena escala, “nada que desorganize o mercado interno”, mas ressaltou que o momento é de discussão em relação ao tema.

Na mesma linha, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Pedro Guimarães, disse ser a favor da importação, mas ponderou que o ideal é “buscar uma solução de comum acordo” com os produtores. “Estamos tentando achar um consenso.”

Segundo ele, a Abics defende a importação sob regime drawback (voltado ao beneficiamento e posterior exportação) de volumes preestabelecidos, fora do período de colheita no Espírito Santo e apenas por tempo determinado. “Queremos que isso seja uma solução para momentos como este, de menor oferta”, destacou o dirigente.

Situação ‘terrível’. Silveira, da Abic, afirmou que a situação é “terrível” para os fabricantes de café solúvel, justamente por causa do produto final, composto quase que totalmente por conilon.

De fato, desde 2014, quando a produção no Espírito Santo atingiu 9,9 milhões de sacas de 60 quilos, o clima seco vem castigando as plantações de café e, nesse período, o Estado deixou de colher 4,6 milhões de sacas do produto.

Outras notícias

Café instantâneo ganha impulso com inflação e onda de ‘baristas caseiros’ no TikTok

24 de março de 2025

Alta do preço da bebida, especialmente em cafeterias, gerou uma mudança de comportamento dos consumidores, especialmente da Geração Z, e as vendas ...

Avaliação sensorial de café solúvel: Abics capacita 11 IC Graders no México

6 de março de 2025

A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) realizou o primeiro curso internacional de formação de Instant Coffee Graders (IC Grad...

Com disparada nos preços do café, solúvel surge como opção mais econômica

20 de fevereiro de 2025

Para auxiliar o consumidor, Abics lança site ‘Descubra Café Solúvel’, fonte completa de informações e dicas de consumo Em ...

Brasil bate recorde em exportação e consumo de café solúvel em 2024

28 de janeiro de 2025

País exportou 4,093 milhões de sacas e destinou outro 1,069 milhão de sacas ao mercado interno, segundo dados da Abics De acordo com a atualizaç...
plugins premium WordPress