Governo discutirá importação de café com produtores e indústrias

Cristiano Zaia | VALOR ECONÔMICO

BRASÍLIA – O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller (foto: Diário do Poder), disse ao Valor que pretende reunir representantes da indústria de café e dos cafeicultores entre terça e quarta-feira da semana que vem para buscar um consenso em torno da proposta de importação de café robusta feita pela indústria em novembro.

As entidades que reúnem as indústrias de café solúvel (Abics) e de café torrado (Abic) defendem a importação de produto do Vietnã pois enfrentam escassez de produto e alta dos preços em decorrência da quebra da safra de conilon no Espírito Santo. Mas o Conselho Nacional do Café (CNC) e a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que representam os produtores, resistem à ideia.

Segundo Geller, ontem, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, lhe telefonou para reforçar o pedido da Abics para que o ministério libere as importações de café robusta.

“Não vamos abrir importação sem sentar com todo o setor, mas vamos fazer o que precisa ser feito”, disse Geller. “Temos que avaliar se a indústria está sendo prejudicada, não podemos deixá-la quebrar.”

O Ministério da Agricultura ainda não tomou uma posição clara, mas fontes da pasta avaliam que há um grande embate dentro do setor cafeeiro, “difícil de resolver”. Cabe à Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério a análise técnica sobre os riscos fitossanitários de uma eventual importação de café conilon, mas o ministro Blairo Maggi já indicou ao Valor que é favorável à importação.

Caso o ministério venha a permitir a importação de café, os cafeicultores devem resistir. O CNC e a CNA já concluíram um documento em que rejeitam totalmente qualquer importação de café verde pelo Brasil.

O argumento das duas entidades é de que, apesar de os preços do conilon terem subido, existe estoque desses grãos pra abastecimento do mercado interno. E logo, não haveria justificativa para que o ministério autorize a importação.

“Se o governo sinalizar que a indústria vai poder importar qualquer volume de café, vamos declarar guerra”, afirmou o deputado Evair de Melo (PV-ES), que também integra o CNC.

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