Brasil deve exportar 15% menos café solúvel em 2017, prevê Abics

Pedro Guimarães, presidente da Abics.

Por José Roberto Gomes

MATA DE SÃO JOÃO, Bahia (Reuters) – As exportações brasileiras de café solúvel devem cair quase 15 por cento em 2017, na comparação com 2016, refletindo uma perda de mercado externo decorrente do problema com a oferta de conilon (robusta) no ano passado, projetou nesta sexta-feira uma liderança do setor.

Secas em 2015 e 2016 derrubaram a safra de conilon do Espírito Santo, o principal produtor nacional da variedade usada na fabricação do solúvel, e a indústria desse produto chegou a defender a importação de café verde para calibrar a oferta doméstica.

As compras externas acabaram não se concretizando, e o Brasil perdeu negócios para concorrentes na Ásia, justamente por não ter conseguido obter matéria-prima no mercado a preços adequados, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Pedro Guimarães.

“Vamos exportar cerca de 500 mil sacas a menos neste ano porque perdemos clientes, que agora compram (solúvel) de concorrentes na Ásia. Levará tempo para recuperarmos esses compradores”, afirmou Guimarães no intervalo do EnCafé, maior evento da indústria cafeeira do Brasil, realizado na Bahia.

Conforme dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país embarcou no ano passado 3,87 milhões de sacas de solúvel, mas neste ano as vendas devem ficar em torno de 3,3 milhões de sacas dada a perda de participação no mercado internacional, projetou Guimarães.

“Voltamos aos níveis de 2010”, frisou o presidente da Abics.

A avaliação de Guimarães confirma reportagem de agosto da Reuters com um diretor da Abics, que indicou que o setor voltaria ao patamar de 2010.

No acumulado de 2017, de janeiro a outubro, as exportações somam 2,80 milhões de sacas, queda de 12,5 por cento, conforme o Cecafé.

Segundo Guimarães, a importação de café verde não é mais necessária agora, embora a “Abics seja a favor do livre mercado”.

“Não vislumbro isso no curto prazo, dado o realinhamento com os preços internacionais e a perspectiva de uma safra maior no ano que vem. Não vejo justificativa para se trazer café de for a”, avaliou.

2018

Para 2018, Guimarães destacou que não são esperados “gargalos” na oferta de café para a indústria e que o trabalho se dará na reconquista de importadores. Ele não projetou quanto o país deve exportar no ano que vem.

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