* Por Eliana Relvas à Revista SUPERHIPER da Abras Brasil
O café solúvel vem sofrendo uma revolução no mundo e também no mercado interno, pois várias empresas ampliaram seus portfólios de produtos inserindo o café solúvel de alta qualidade como uma opção a mais para o consumo dessa bebida.
A descoberta do café solúvel é datada de 1901, por um químico japonês chamado Satori Kato, que criou um café para ser diluído em água e vendido na Exposição Mundial Panamericana. Foi a partir da crise de 1929 que no governo Getúlio Vargas, devido aos altos estoques de café, foi solicitado às empresas suíças que desenvolvessem uma maneira de consumir o produto de maneira segura e preservar a qualidade dos cafés por mais tempo.
Assim, o químico Max Morghenthaler desenvolveu o café solúvel em 1937 e, em um ano, se tornou um sucesso de vendas na Europa. Em 1939, com a Segunda Guerra Mundial, o consumo do café solúvel foi marcado por ser um produto consumido pelos soldados americanos, por ser de fácil preparo e por manter os soldados em alerta e acordados, e foi prontamente inserido nesse contexto mundial.
A partir de 1953, foi inaugurada a primeira fábrica de café solúvel no Brasil e, desde a década de 1960, o Brasil passou a ser o maior produtor e exportador de café solúvel do mundo, correspondendo ao 12º produto do agronegócio na balança comercial brasileira.
O café solúvel vem sofrendo uma revolução no mundo e também no mercado interno, pois várias empresas ampliaram seus portfólios de produtos inserindo o café solúvel de alta qualidade como uma opção a mais para o consumo dessa bebida. Várias cafeterias consideradas de “terceira onda” têm inserido sua marca nesta forma de consumo da bebida, tanto investindo em embalagens de alto padrão e levando a bebida para momentos de viagem e lazer, quanto para quem está em casa na pandemia, em virtude da praticidade.
Com esse novo perfil de venda e de consumidores, o café solúvel embarca numa outra fase dentro da categoria, com as descobertas de aromas e sabores tão complexos como os vinhos, ou mesmos os cafés torrados e moídos de origens e com descrições sensoriais incríveis.
Mas, como é feito o café solúvel? Para maior entendimento dessa bebida, tem um vídeo no site da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) que pode sintetizar o que acontece com o café até chegar à xícara: água e café em grãos, pressão e temperatura, mais nada. O título do vídeo é: Cafés Solúveis do Brasil – Infográfico Abics.
Para compreender melhor essa categoria foi criada uma metodologia exclusiva de avaliação sensorial deste café, considerando que não é igual ao café torrado e moído.
As categorias são classificadas como: convencionais, diferenciados e excelência.
Cafés convencionais são descritos como:
* Bom corpo
* Amargor e adstringência presentes
* Caramelização média e suave
* Acidez baixa
* Muito consumido com leite
* Muita potência no paladar
* Finalização mais longa e duradoura
Os cafés diferenciados:
* Notas mais carameladas
* Bom corpo
* Amargor e adstringência equilibrados
* Acidez média e agradável
* Caramelização presente e delicada
* Finalização doce e elegante
E os de excelência:
* Notas mais delicadas, pouco amargas, mais acidez e sabores herbáceos
* Pouco ou leve amargor
* Boa acidez
* Cafés frutados
* Caramelização positiva e agradável
* Café com bom equilíbrio
* Pós-prova: agradável, elegante e saborosa
É uma bebida de fácil preparo, cuja recomendação é o consumo de 1,5 g (ou uma colher de chá) para 50 ml de água quente. E cuidado, pois se ferver pode queimar a boca.
Esse produto traz uma versatilidade enorme e pode e deve ser usado na gastronomia, transformando doces e bolos em sobremesas mais gostosas e com maior complexidade de sabores.
Também convido você a acessar o vídeo intitulado de Manifesto Café Solúvel do Brasil, na página da Abics Café Solúvel do Brasil, para maior compreensão dessa categoria de café e poder prová-la em vários momentos de vida.
Bons cafés solúveis!
*Eliana Relvas é cafeóloga, avaliadora de qualidade, barista certificada internacionalmente, degustadora e profissional especializada em avaliação sensorial de café. Também é autora do livro Café com Design (Senac).