A escalada qualitativa dos cafés solúveis

Indústrias investem em novas plantas fabris e em produtos cada vez mais voltados à qualidade, otimizando características sensoriais ao consumidor; consumo interno cresce

O segmento de cafés solúveis vem intensificando trabalhos para elevar a qualidade do produto, visando à ampliação de mercados com a conquista de novos consumidores. No exterior, empresas que surfam a crista da onda em popularidade anunciam novos produtos com o solúvel, como a illycaffè, a Blue Bottle e a Intelligentsia.

No Brasil, as fábricas do setor, concentradas na Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), realizam investimento em novas plantas fabris e em produtos cada vez mais voltados à qualidade, otimizando as características sensoriais para o consumidor final.

Em processo de conclusão, uma metodologia global para avaliação sensorial do café solúvel vem sendo estruturada pela Abics, com o objetivo de apresentar a diversidade do produto, para evidenciar suas diferenças e permitir que o consumidor encontre o que mais se adeque a seu gosto.

Os estudos realizados até agora permitiram um maior conhecimento dos vários atributos dos diversos tipos de solúvel existentes, o que possibilitará a disponibilidade de uma categorização de qualidade, métodos de preparo e nuances. A intenção final é, assim como ocorre com os cafés in natura e torrados e moídos, gerar classificações para o café instantâneo.

A cafeóloga, especialista em avaliação sensorial e consultora da Abics, Eliana Relvas, aponta que o segmento de solúvel vem passando por uma revolução no mundo e também no mercado interno. Hoje, muitas empresas voltam suas aquisições para os cafés canéforas especiais e ao arábica, otimizando o processo qualitativo desde os primeiros passos do processo fabril.

“Há sinalização positiva de investimentos em qualidade das indústrias associadas à Abics e isso é excelente, pois, com a implantação da nova metodologia de classificação que desenvolvemos, poderemos romper a ‘barreira invisível’ de que o solúvel é um produto de qualidade inferior e o colocar em um patamar sensorial semelhante ao dos cafés torrados e moídos”, destaca Eliana.

Aliado a esse fato, ela informa que várias empresas ampliam seus portfólios, inserindo o produto industrial de alta qualidade como uma opção a mais para a degustação da bebida, o que aumenta a sua aplicabilidade e momentos de consumo, uma vez que o café solúvel é base para muitos outros produtos, portanto a sua amplitude sensorial é um fator determinante.

“Muitas cafeterias consideradas de ‘terceira onda’ têm inserido sua marca no solúvel, investindo em embalagens modernas, de alto padrão e que permitem que o produto seja levado para viagem e lazer e também para o consumo em casa, através de take out ou delivery, otimizando o tempo da agitada vida, em tempos de pandemia, de quem precisa adequar seu trabalho à rotina diária do lar”, revela.

CONSUMO INTERNO EM ASCENÇÃO

Como resultado desses esforços, o consumo de café solúvel no Brasil vem em constante crescimento nos últimos anos e o desempenho se repetiu no primeiro semestre de 2021. Segundo dados da Abics, no acumulado de janeiro ao fim de junho, os brasileiros consumiram o equivalente a 478.182 sacas de 60 kg, apresentando alta de 2,2% na comparação com as 468.083 sacas em idêntico intervalo de 2020.

“Destaca-se, nesse cenário, uma redução de aproximadamente 45% no consumo de café instantâneo importado, o que implica que o avanço no mercado interno se deu, principalmente, com o consumo do produto brasileiro, à medida que otimizamos as ações para a escalada qualitativa dos nossos solúveis”, analisa Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics.

É com base nesse novo perfil de venda e consumo que a Abics intensifica os trabalhos para a conclusão da metodologia de avaliação sensorial, que elevará o padrão de qualidade do café solúvel, com o produto mergulhando em um mar de descobertas, de aromas e sabores, tão complexo quanto ao dos vinhos, caminho já percorrido pelos torrados e moídos de origens e com incríveis descrições sensoriais.

“Essa é a certeza que surge com a degustação nas sessões de cupping que realizamos, quando provadores das indústrias cafeeiras, da academia e de entidades do setor se surpreendem com a qualidade apresentada pelos cafés instantâneos, que apresentam notas mais delicadas, pouco amargor, boa acidez, caramelização agradável, bom equilíbrio e after taste agradável, elegante e saboroso”, conclui Eliana.

Com esse trabalho de otimização da qualidade, as indústrias brasileiras de café solúvel esperam gerar o mesmo efeito positivo e surpreendente nos consumidores finais, trazendo-os para o versátil mundo do produto, que já oferece ampla gama de possibilidades de preparo e, agora, traz a diversidade diretamente em sua forma de consumo mais tradicional, a bebida preparada apenas com água.

Mais informações para a imprensa
Agência P1
Paulo André C. Kawasaki
(61) 98114-6632 / pauloandre@agenciap1.com.br

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